A bexiga hiperativa (BH) é um quadro clínico em que o paciente sente urgência em urinar, com grande frequência, podendo influenciar negativamente em sua qualidade de vida.
Vontade frequente de urinar? Incontinência urinária? Urina durante o sono? Esses são alguns sintomas da bexiga hiperativa!
Este problema é pouco conhecido pelas pessoas, no entanto, é mais comum do que se imagina. Estima-se que cerca de 15 a 20% da população sofre deste transtorno.
Pelo fato dela poder estar associada a problemas de incontinência urinária, a bexiga hiperativa pode levar a ocorrência de situações constrangedoras. Afinal, com a falta de controle da bexiga alguns “desastres” podem acontecer, afetando assim a vida social das pessoas.
Por este motivo, continue a leitura e entenda mais sobre este distúrbio. Assim você vai compreender quais são os sintomas da bexiga hiperativa, bem como os tratamentos existentes.
O que é a bexiga hiperativa?
A bexiga hiperativa é um quadro em que o paciente possui uma condição urológica na qual sente repentina e urgente vontade de urinar. Ou seja, a pessoa sente vontade de urinar com uma frequência maior que o normal – tanto de dia, quanto de noite.
Além disso, essa vontade frequente de urinar pode ser acompanhada (ou não) da incontinência. Em outras palavras, é possível que o paciente urine a qualquer momento, sem ter o controle disso. É aí que entra o constrangimento, o qual mencionei anteriormente.
Para entender melhor, este problema surge devido ao mal funcionamento do músculo detrusor. Esse músculo é responsável por relaxar nos momentos em que o bexiga está enchendo, e contrair-se nos momentos em que a bexiga está cheia. Desta forma, ele induz a pessoa a expulsar a urina.
Este mal funcionamento faz com que o músculo não relaxe adequadamente durante a fase em que a bexiga está enchendo. Desta forma, a pressão interna aumenta mesmo quando há pouca urina na bexiga. Assim, com a falta de relaxamento, o cérebro ativa um comando que induz a pessoa a ter vontade repentina de urinar.
Bexiga hiperativa: causas
Um quadro de bexiga hiperativa ocorre quando os sinais nervosos transmitidos para o cérebro passam a não funcionar corretamente, enviando sinais incorretos para a bexiga.
A bexiga, por sua vez, ao receber estes comandos acaba por agir em momentos incorretos. Ou seja, ela leva a pessoa a sentir necessidade de urinar em um momento em que a bexiga não está cheia o suficiente.
Alguns problemas podem desencadear a hiperatividade do músculo detrusor, dentre eles:
- Lesões traumáticas de medula espinhal;
- Hiperplasia benigna da próstata;
- Prolapsos genitais;
- AVC;
- Esclerose múltipla;
- Diabetes mellitus;
- Doença de Parkinson;
- Insuficiência cardíaca;
- Hérnias de disco;
- Infecção urinária;
- Cálculos na bexiga;
- Demências, como por exemplo o mal de Alzheimer;
- Alta ingestão de cafeína.
Porém a bexiga hiperativa pode se manifestar em pacientes que não possuem nem um fator desencadeante. Neste caso, ela é denominada bexiga hiperativa idiopática.
Além disso, a bexiga hiperativa é mais comum em homens e mulheres que possuem:
- idade avançada;
- quadros de depressão;
- ansiedade;
- artrite;
- obesidade;
- constipação intestinal.
Além dos quadros e doenças que podem desencadear um quadro de bexiga hiperativa, alguns medicamentos como diuréticos, sedativos e antipsicóticos podem estar associados a este quadro também.
No entanto, para saber a real causa da bexiga hiperativa, a avaliação de um médico urologista é de extrema importância.
Quais os sintomas da bexiga hiperativa?
Os sintomas mais comuns e relatados em um quadro de bexiga hiperativa, são a urgência em urinar e alta frequência de idas ao banheiro, tanto de dia, quanto de noite.
Nestes casos, quando o paciente sente a vontade de urinar ele precisa ir com urgência ao banheiro, pois não é capaz de segurar a urina por muito tempo.
Por este motivo, os casos que envolvem a bexiga hiperativa podem estar associados também a quadros de incontinência urinária.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da bexiga hiperativa é usualmente feito através da história do paciente.
Através de uma conversa, o paciente vai relatar quais são seus principais sintomas. O médico urologista vai avaliar se são sintomas decorrentes de um quadro de bexiga hiperativa ou não.
Diante desta avaliação, o profissional poderá encaminhar o paciente para exames que podem comprovar (ou não) o problema de bexiga hiperativa. Normalmente o exame de urina é o primeiro a ser feito, a fim de descartar problemas como infecção urinária.
Além disso, podem ser solicitados alguns outros exames, como:
- ultrassonografia renal e das vias urinárias;
- estudo urodinâmico – capaz de avaliar a eficiência do sistema urinário ao armazenar e eliminar a urina;
- mensuração do resíduo pós miccional;
- cistoscopia – que tem por objetivo excluir outros tipos de doenças, como tumor e pedras na bexiga.
No entanto, todo este processo decorre do relato inicial do próprio paciente e da avaliação profissional posterior.
Bexiga hiperativa tem cura? Qual o tratamento?
Na grande maioria das vezes, o tratamento para bexiga hiperativa é feito através de 3 opções:
Terapia comportamental
A terapia comportamental, como o próprio nome já diz, tem como objetivo tentar mudar hábitos dos pacientes que podem desencadear o quadro de bexiga hiperativa.
Nesta opção deve ser incluída mudança nos hábitos alimentares do paciente e aumento de atividade física com a finalidade de diminuir seu peso.
Alguns alimentos devem ser evitados ou eliminados da dieta. Um exemplo desses alimentos são: álcool, cafeína, alimentos picantes, entre outros que podem aumentar o estímulo do músculo detrusor em alguns casos.
A fisioterapia de assoalho pélvico pode ser indicada nesse caso. Afinal, ela tem como função principal reeducar a bexiga, fortalecer e restaurar a tonicidade da musculatura através de alguns exercícios.
Medicamentos
Neste tipo de tratamento são prescritos medicamentos que atuam na redução das contrações do músculo detrusor, como por exemplo, as medicações anticolinérgicas e beta 3 agonistas. Eles ajudam a diminuir a vontade de urinar com urgência.
Ou seja, é possível associar este tipo de tratamento a terapia comportamental, o que geralmente traz ótimos resultados.
Cirurgia
Esta é a última opção a ser escolhida. O tratamento cirúrgico, na maioria das vezes, só é indicado quando os tratamentos anteriores não trouxeram bons resultados, ou então em casos onde os sintomas apresentados são graves.
Nesse caso poderá ser indicada a aplicação de toxina botulínica (botox) intravesical. Este medicamento é aplicado, por via endoscópica, através de injeções diretamente no músculo detrusor, sendo capaz de aumentar os intervalos de esvaziamento da bexiga.
Como prevenir?
Não há evidências científicas que comprovem quais as medidas que cada um deve tomar para evitar este tipo de quadro.
No entanto, algumas ações adotadas no dia a dia podem ajudar a minimizar os efeitos da bexiga hiperativa, como:
- manter o peso adequado;
- não ingerir muita bebida alcoólica;
- não fumar;
- evitar a ingestão de alimentos estimulantes, como chá, cafeína, entre outros.
Buscar uma alimentação e vida equilibrada ajudam a manter a qualidade de vida melhor, reduzindo assim os riscos deste e outros distúrbios.
Contudo, se você estiver com algum sintoma ou suspeite que possa ter a bexiga hiperativa é de suma importância buscar a avaliação de um profissional. Um médico urologista pode ajudar você: ele efetua uma avaliação e se necessário, ele indica o melhor tratamento.
Ficou com alguma dúvida sobre o assunto? Então entre em contato comigo através do Whatsapp e envie sua pergunta. Eu sou médico urologista e será um prazer ajudar você!